sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

 

Cegueira Bendita

Ando perdida nestes sonhos verdes
De ter nascido sem saber quem sou,
Ando ceguinha a tatear paredes
E nem ao menos sei quem me cegou!

Não vejo nada, tudo é morto e vago...
E a minha alma cega, ao abandono
Faz-me lembrar o nenúfar dum lago
'Stendendo as asas brancas cor do sono...

Ter dentro d'alma a luz de todo o mundo
E não ver nada neste mar sem fundo,
Poetas meus irmãos, que triste sorte!...

E chamam-nos Iluminados!
Pobres cegos sem culpas, sem pecados,
A sofrer pelos outros té à morte!

Florbela Espanca


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